domingo, 21 de julho de 2024

Refletindo sobre meu modo equivocado de encarar a vida

Até que ponto vale a pena ser honesto no Brasil? 

A criação que eu tive sempre me instruiu a nunca humilhar pessoas e sempre procurar ser correto nas responsabiliades da vida para conosco e os outros, pois vivemos em uma sociedade, não apenas com nosso umbigo. Também foi me ensinado que ser bom não era uma escolha nem uma obrigação, que  ser bom era algo natural do ser humano, algo que aprendemos através da boa educação dos nossos pais que era complementada com conhecimento diverso na escola.

Não sei se posso dizer que aprendi errado, que entendi tudo de forma equivocada ou se realmente foi isso e meus pais que não tiveram uma boa visão sobre as coisas, pois hoje eu vejo que ser bom é uma escolha e que escolher o lado ruim não traz uma punição tão grande assim como queriam me fazer acreditar nos meus primórdios de gente. Na verdade, tenho visto que ser ruim, egoísta, safado, cachorro e até algo bem pior pode ser confortável, compensador e até agregar algum tipo de poder. 

Como é que eu posso pensar diferente diante do quadro social que aí está?  Eu ainda tenho na minha essência um pouco da educação que recebi, um pouco do modo de viver de antigamente, mas essa geração nova simplesmente não tem parâmetros para refletir e analisar a respeito. Aliás, essa  molecada não vê o menor sentido em pessoas como nós, que refletimos sobre isso. Então o que eu vejo diante de cada vez mais liberdade e menos punição é um cenário nada animador. Eu não me refiro aos que de classe média e alta que ainda possuem resquícios de um modo de vida que considero familiar. Eu me refiro aos pobretões como eu, que veem crianças sendo incentavadas a conhecerem certas coisas desde cedinho. A primeira palavra que aprendem falar é "puliça" ou "daora". 

Eu queria que pessoas pobres como eu fossem excessão em uma sociedade que fosse reconhecida com melhores condições. Queria que pesosas pobres como eu pudessem ter que se adaptar a coisas boas, belas e melhores, mas o que eu vejo com tristeza é que temos que aceitar coisas horrorosas, estúpidas, grotescas que querem se impor não apenas aqui mesmo, tirando nosso sossego, nossa paz e nossa tranquilidade, mas também querem abranger todas as classes sociais, como uma sujeira que vai tomando conta de todos e de tudo sobre pretexto disto e daquilo inclusivo, mas se trata de uma inclusão destrutiva em vez de construtiva. É como você ser motivado a ter de acolher um estuprador, ou assassino, ou ladrão porque, senão, você é preconceituoso, desumano, etc. (sei que o exemplo foi infeliz, mas creio que já entenderam o que eu quis dizer). 

Infelizmente vivo em um futuro muito difrente do que imaginei, onde as coisas boas lá de cima serviriam de exemplo para nós aqui embaixo. A realidade é que não existem coisas boas lá em cima para servirem de exemplo para nós aqui embaixo, pois lá em cima também está impregnado de coisas ruins, sujeira, maldade. E quando lá em cima -- as pessoas grandes que deveriam ser inspiração para nós e nos dar suas migalhas maravilhosas -- está tudo perdido, desequilibrado e corrompido, o que resta para as pessoas que estão comigo aqui embaixo é se acostumar com a falta de esperança, a maldade, a crueldade, a falta de respeito, a falta de sossego.

Existe uma confusão sobre um monte de coisas. E essa confusão tornou-se o estado natural de como entendemos nosso dia a dia. Estamos cada vez mais ferrados.

10 comentários:

  1. Eu me debato entre dois sentimentos antagônicos, entre o sonho e a desesperança. Por ser um sonhador, acredito que o mundo, as pessoas podem tornar-se melhores. Por ser depressivo e velho não creio que haja esperança para a humanidade. Quem vencerá, o sonhador ou o desencantado? Acho que não estarei vivo para saber.

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    1. Parece que vamos vivendo assim mesmo, oscilando entre um e outro.

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  2. Infelizmente grande parte da população vive de desesperança e desencanto, uma vez que, muita gente sequer tem algo para comer durante o dia. Aí eu lhe pergunto. Como ter esperança é sonhar vivendo desta maneira? Aqui no Brasil essa realidade de muitos está tão escancarada que esses sofredores de plantão sobrevivendo na miséria num país tão desigual e opressor que definitivamente não dar para ter um pingo de esperança. Infelizmente essa é a dura verdade. E o governo. O que faz? Direi-lhe que a classe política corrupta brasileira nada faz é não fará nada para melhorar a vida do pobre brasileiro. Para quem culpa o Lula, o Bolsonaro, o Fernando Henrique Cardoso, o Collor, a Dilma Rousseff e tantos outros ex-presidentes que governaram este país continental chamado Brasil. O que todos eles tem em comum? Todos eles foram vítimas do sistema famigerado existente no Brasil,.onde a lei dos poderosos de plantão ( O PRESIDENTE EM MANDATO E SUA CORJA POLÍTICA CORRUPTA ) manda e desmanda neste país sem leis que os errados se dão bem e os curtinhos se dão mal. Para que andar na linha no Brasil, visto que, por aqui o que se vê é o cidadão de bem se dando mal e o cidadão que anda todo errado se dar super bem. Não faz sentido ser um cidadão de bem neste país. Contudo pessoas como você, eu e os outros amigos que aqui comentam somos pessoas do bem, fazemos o bem, temos o amor em nossos corações a troco de que?! A verdade é que estamos aqui de passagem, e durante essa passagem por aqui temos de adaptarmo-nos ao ambiente em que vivemos, ou seja a realidade em que vive-se te moldará enquanto estiver na terra, e muitos não aguentam a pressão e sucumbem as facilidades das trambicagens deste sistema corrupto brasileiro. Isso vale pra tudo em nossas vidas,.pois em geral seres humanos sempre buscarão tirar vantagens em beneficio próprio. Vou ficando por aqui, pois o comentário já está gigante. Um abraço meu caro e boa semana para ti.

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    1. Adorei o comentário. Bem real e reflexivo
      Boa semana, Luciano. .

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  3. Olha, tua reflexão daria horas e horas de discussões. O Brasil é um país que já começou errado. Onde a elite (econômica, cultural, intelectual) deveria ser um farol para a sociedade mas sempre foi uma elite bosta. Sempre preocupados mais com seus umbigos do que com a sociedade como um todo. Já tivemos uma boa elite cultural na música, na literatura, no cinema, no teatro, mas essa elite hoje é cada vez mais ruim. Nossa elite econômica sempre foi escravagista, mesmo quando já não era legal ter escravos. É triste ver a rapaziada "das quebradas" desenvolvendo um modo de vida tão errático mas a rapaziada das mansões também não ficam atrás. O que falta ao país é educação, de cabo a rabo. Enfim.

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    1. Quando vi suas considerações finais, reli os dois últimos parágrafos que escrevi e percebi que houve uma sintonia.
      A população está cada vez mais errática porque alimentam isso de certa forma.
      Obrigado pelo conhecimento e a presença.

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  4. Infelizmente essas questões que levantas, não se colocam apenas no Brasil, também aqui em Portugal ( e por vários motivos) nem sempre é vantajoso sermos honestos!

    Beijos e Abraços,

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    1. Obrigado, Isabel, por me dizer como a postgem a fez refletir. Um grande abraço.

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  5. Essa confusão que você diz ter se tornado o estado natural das coisas não tem nada de natural ou de fortuita e aleatória. É uma confusão planejada, orquestrada de uns 30 anos para cá, é proposital. A ponto de que se um vagabundo roubar um celular, mas se for pra tomar uma cervejinha e fazer um churrasquinho, tá tudo certo. Ou se o cara bater na mulher, mas for corintiano, também tá liberado.
    Sim, nesse país, ser errado é ter poder.
    A nós, só resta :
    "está tudo perdido, desequilibrado e corrompido, o que resta para as pessoas que estão comigo aqui embaixo é se acostumar com a falta de esperança, a maldade, a crueldade, a falta de respeito, a falta de sossego".

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