domingo, 6 de outubro de 2024

O Caminho Equivocado De Um Certo Rebanho

Alguém pode olhar essa imgem acima e enxergar o contexto literário de que o livro nos transporta para outro mundo. Acho super válida a ideia, desde que não seja difundida a pessoas que não possuem afinidade com a leitura, pois imagens desse tipo não ajudam ninguém a querer ler um livro. A pessoa abre e tem uma porção de letrinhas amontoadas em páginas e páginas de papel branco ou amarelado. Se o autor for prolixo, então, aí é que o ser se desinteressa de vez de embarcar na história, pois ele terá que ler três, quatro páginas, por exemplo, de uma menina montada em sua bicicletinha onde encontra uma ponte que chama sua atenção, então ela decide percorrê-la por curiosidade e quase é raptada por um ser trevoso. (Nosferatu - Joe Hill). 

A pessoa tem que ficar quieta ao ler, então se torna algo introspectivo e monótono. Não é problema a pessoa não gostar de ler livros. Aliás, com a vida ordinária que os brasileiros vêm tendo, a pessoa quer mais é deixar a mente flutuar na frente da TV ou diante do celular. Tanto faz o que está assistindo. Exercitar a mente com a leitura de um livro pode ser demais. 

Lembro de um livro que li, quando bem jovem, onde o escritor "falava" uma porção de coisas referentes a um foguete. Então ele descrevia peças e comandos os quais eu não fazia a menor ideia do que se tratavam. E a ação do tripulante se desenrolava de página em página naquela ambientação. Resultado: abandonei o livro, pois ele não me transportou a mundo nenhum. O livro trabalha com dados que temos em nossa inteligência. Compreendemos o que se passa porque temos o entendimento dos dados daquilo que nos é transmitido na leitura.

Quando dizem, por exemplo, que o homem é gordo, usa roupas apertadas e tem uma voz grossa e rouca, as pessoas identificam as características. Elas não veem nada, nenhuma imagem, elas entendem sobre o sujeito porque os dados descritos estão na inteligência dela. Se, em vez disso, eu escrevesse que o varão é enrouquecido, traja vestes exíguas, e possui voz cavernosa, talvez houvesse pessoas que não assimilariam tão bem. Uma frase tão simples fica incompreensível, pois os dados não são identificados. 

Então acho estranho essa coisa que vejo na mídia, de que o livro leva as pessoas para outros mundos. A afirmação está equivocada? De certa forma, não. Só acho que esse modo fantasioso, como colocam, não condiz com a realidade e pode frustrar quem se deixa levar e resolve conhecer um livro. 

Às vezes, por causa de coisas pequenas, algo que deveria ser conhecido e até apreciado pode se tornar aborrecedor. Essa foto abaixo expressa arte surrealista. No perfil dessa pessoa, no Ideogram, há muitas outras, até mais carregadas nesse estilo. Eu gosto, eu achei admirável, principalmente por esse jogo de constrastes, o efeito do líquido e da pessoa que mais parece a estátua de uma deusa. Será que ela está derretendo, ou será que está nascendo? O líquido é o leite? Mas esse leite que deu a vida à essa deusa está carregado de fragmentos dela, pois vejam quantas linhas. E será que tudo é leite? Parece até um mundo à parte onde ejetou-se dele, por meio de um impulso leiteiro, a vida sacra.

A graça acaba quando alguém resolve querer incutir nessa imagem o conceito de mostrar a pessoa preta no mundo branco. O quão conflituoso pode ser a existência preta em um mundo voltado para privilegiar os brancos. Aposto que agora você já não olha mais para essa imagem com o mesmo encanto, a mesma aura mágica de segundos atrás, não é mesmo? Você pode até continuar a achá-la maravilhossa, mas as ideias envolvendo cores e racismo tornaram sua admiração menos pura e agora coloca uma certa sombra em sua mente. Uma sombra que antes não havia. E aí, uma arte que poderia ser simplesmente admirada e valorizada deixa de ser um tanto abstrata e passa a ser interpretada com viés político-social. Não sei se a ideia da pessoa autora gira em torno desse contexto. Só usei para ilustrar como algo que pode fascinar e dar asas à imaginação pode perder o encanto, dependendo da forma como decidem apresentar às pessoas.

Para ver várias outras imagens incríveis desse perfil no Ideogram - clique aqui



2 comentários:

  1. Em meados da década de 1980 a empresa onde eu trabalhava pagou uma pós-graduação em Engenharia Econômica para quem se interessou em fazer esse curso. Seis ou sete engenheiros se interessaram e eu estava nesse grupo. Seis meses depois eu tinha o diploma de conclusão duramente obtido, pois dormia metade do tempo, às vezes saía mais cedo (tinha bebê em casa). Resumindo, não aproveitei nada do curso, que só serviu para melhorar minha pontuação nos concursos que fiz depois. Mas uma única frase ficou, lida em uma apostila, frase que valeu o curso todo: “a quantidade de informações processadas por uma empresa depende da sua capacidade de processá-las”. Nada mais óbvio, mas tão verdadeiro!

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