sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Perdido na introspecção

Acho o catolicismo muito bonito. Houve tempos em que a gente (eu e meu companheiro) rezava diariamente o Terço Mariano. Eu assistia à programação da TV Aparecida e da Canção Nova. Gosto do Terço da Misericórdia, embora o considere pesado, por isso a gente rezava pouco ele, apenas em ocasiões específicas. Hoje em dia, rezamos o Terço Mariano às vezes,  cerca de duas a três vezes na semana, Meu companheiro gosta muito de compartilhar no Zap, para os seus queridos contatos, as mensagens diárias do Padre Alex Nogueira: Manhã de Luz e Boa Noite Meu Jesus. Eu assisto a algumas delas de vez em quando.

Acontece que uma insatisfação misteriosa toma conta de mim. Desde que voltei a dar importância maior a essas coisas católicas, sinto que minha vida tem adquirido uma dose a mais de sofrimento, de desgaste, de insatisfação. Talvez sejam os seres do ocultismo, querendo me convencer de que o catolicismo não é o meu lugar, pois é exatamente como me sinto: inadequado. Às vezes tenho vontade de acender uma vela azul ou violeta, deixá-la queimar no canto dela, por uma semana - como eu fazia nos tempos da magia do caos, da sigilação. Às vezes lembro do tempo da Grande Fraternidade Branca, do Livro de Ouro de Saint Germain, quando eu me energizava com o suposto Heiki e quando visualizava chamas azuis ou violetas em um plano imaginário, acionava decretos específicos como "eu sou a porta aberta que homem nenhum pode fechar". Eu gosto dessas coisas. Mas essa coisas não têm nada a ver com o catolicismo. Estão mais para o poder da mente ou o ocultismo. Há pouco tempo, li algo da filosofia luciferiana e foi o suficiente para me encher de maior autoestima e não me permitir absorver certas coisas que me causam desgaste, dor e sofrimento. Não que eu deixasse de me importar com o que se passava ao meu redor, mas rolava uma coisa sugestiva que possuía um certo diferencial e trazia determinada leveza. 

Se eu quero dar um tempo do catolicismo de novo? A ideia não é essa. Eu gosto, acho bonito, mas não aprecio a sugestão de sentimentos ruins que às vezes sinto. Sendo bem franco, eu não me sinto amparado espiritualmente. Sinto-me observado, vigiado, até manipulado.  E não sinto o acalanto de Jesus. Na verdade, parece que é um caminho de direção única que consiste no meu tempo em orações católicas e reforçando a minha fé. O que ganho em troca? Nada. Sequer uma pífia sensação de segurança. E com os demais segmentos não é diferente. Acontecem coisas boas no começo, mas logo vem a sensação de abandono,  de estar a Deus dará e até vulnerável. E essa vulnerabilidade desencadeia a necessidade de que se faça algum ritual com símbolos, desenhos, excitação, empolgação... Tudo muito bom no começo, pois até vem um suposto resultado que sempre é passageiro e me leva a fazer mais um ritual e mais outro, mais uma vez ou outro tipo de ritual. Isso cansa e não resolve de verdade as devidas questões. Então não acho nada inteligente dar um tempo no catolicismo e me bandear de novo a essas coisas. Por outro lado, eu via certa eficácia em trabalhar um pouco o poder da mente. Ainda que pífia.  E era bom. E disso sinto falta.

Eu acho que, querendo ou não, eu sou uma soma desses elementos os quais um dia me dediquei. Não sei se tem como fugir disso, mas sei que a religião católica já não me tem como sua ovelhinha favorita, pois, para início de conversa, eu sou gay - os religiosos católicos são tolerantes, até educados e gentis, mas, para a doutrina, pecado é pecado, então eu vejo que não me encaixo completamente no catolicismo e não quero me encaixar profundamente em nenhuma outra doutrina, mas não consigo me desapegar das lasquinhas que absorvi desses pessoal. Acho divertido. Agora, por exemplo, como gostaria de poder acender uma vela de sete dias azul ou violeta. Visualizar-me um espirito num espaço sem paredes, todo envolto em gigantescas chamas em vários tons de azul. Só que essas "viagens" não resolvem meus problemas. Tenho até medo de que lidar com elas coisas acabe é me trazendo mais problemas.

E assim eu vou levando. Assim eu vou seguindo em frente. Sem saber direito o que pensar, completamente perdido nesses assuntos, almejando uma certa paz que, talvez, nunca encontrarei, por ter que arcar com escolhas erradas, cada uma delas. A misericórdia existe? Dizem que sim. Será que, para mim, a misericórdia é a morte? Se for, então não quero. Ninguém sabe o que nos espera após o fim dessa vida. 

Bem... É  isso.

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