segunda-feira, 17 de junho de 2024

Bastidores do criador pão com margarina

Dia 9 de Junho de 2024 - os canais novos no YouTube estavam criados e prontos para receberem o primeiro conteúdo. 

Tio Sombrio foi o que recebeu conteúdo primeiro. Embora eu tivesse pressa em abastecer o Fun Metal Rock, não possuía a menor noção de que material colocar, pois não havia nada que eu considerasse que valesse a pena. 

Eu queria que a música de estreia fosse "Esqueci". Eu me apaixonei por uma das muitas versões que a Suno AI criou de acordo com meus prompts (dados que eu inseri para a inteligência artificial gerar). Mas tudo que eu tinha era o arquivo musical e uma versão em vídeo que apenas mostrava uma imagem estática enquanto passava a letra da canção.

No dia seguinte, umas 15 ou 18 horas depois (não fico olhando no relógio), visitei o Tio Sombrio e, para minha total surpresa e desespero, vi que o conto de estreia - Amarração de Amor com Vinho - teve zero views. Na terça-feira (dia 11) o Tio Sombrio ainda permanecia na mais completa escuridão e abandono. 

Enquanto isso, desde o dia 9 eu tinha traçado a estratégia de estrear um videoclipe no Dia dos Namorados no Fun Metal Rock. Para me forçar a não abandonar a ideia, comecei a divulgar no Instagram e Whatsapp a minha vontade de agregar fotos de casais, então pedi para o povo na Internet me mandar.

Nessa hora eu vi que minha aparência parecida com o Murilo Benício (dizem por aí, não concordo) não me ajudou em nada. Fiquei dias 9, 10, 11 e 12 - sim, dia 12, quando eu deveria estar com tudo pronto - divulgando a intenção de agregar as fotos. 

Elas vieram. Fiquei muito feliz. Vieram bem aos poucos, lentamente, à medida que o tempo estipulado já tinha até acabado. 

O vídeo clipe vinha sendo montado ao longo dos dias com um apanhado de vídeos menores que peguei no Pexels. Eu tinha uma ideia muito básica, então fui baixando o que parecia ir de encontro a ela.

Quase todos sofreram edições onde alterei cor, brilho e velocidade da ação mostrada, pois os vídeos, da forma como estavam, eram lentos demais, alguns eram claros demais, extensos demais. Confesso que não me permitia pensar muito, pois o tempo urgia, então eu mantinha o foco e a concentração.

Quando estava feliz e irradiante, prestes a finalizar o clipe, soube que a Suno não autoriza o uso das músicas para fins comerciais, ainda que os prompts sejam meus, pois, resumindo a coisa toda, os prompts são meus, mas a Suno entrou com a melodia, as guitarras, bateria, baixo, etc, etc, etc, até os vocalistas são da plataforma, então eu só tenho o direito comercial se eu me tornar assinante. Daí, como estou pagando, faço o que quiser, posso colocar em Spotify, na PQP... 

Fui xeretar sobre o plano. O site da Suno AI mostra a quantia por mês, mas quando fui assinar fiquei surpreso ao ver apenas o pacote anual em uma só lapada. Não vi nada indicando parcelamentos. 

No modo gratuito, apesar de a qualidade musical ser a mesma, eu não posso nem dizer que sou o autor. E adivinhem: foi justamente isso que coloquei nos créditos ao final do vídeo. Coloquei que a música era minha em parceria com a Suno. Os termos "minha" e "parceria" deveriam sumir. Ninguém me falou isso, mas já venho me tornando gato escaldado na Internet. Nem tudo eles falam. Tem coisas que a gente só descobre depois de muito tempo e se ficar fuçando aqui e ali.

Me sentindo a própria Vanessa Camargo em: "O mundo caiu / No instante em que eu me vi sem você...", tive vontade de apagar tudo, mas acabar com um clipe que vinha me dando a maior mão de obra desde o dia 9 não era nada inteligente. 

Depois que o orgulho ferido finalmente passou goela abaixo e saiu pelo intestino, eu me dei conta da hora e percebi que não havia tempo pra o momento estrelismo do criador pão com margarina. Faltava menos de uma hora para entregar o clipe na Internet - compromisso e reponsabilidade para com quem me confiou suas fotos: umas dez pessoas, eu acho (não contei), mas a vida é feita de pequenos detalhes. Ser responsável para com as 10 pessoas é o mesmo que ser responsável com um milhão. Se piso na bola com elas, bye, bye confiança e credibilidade.

Na verdade, vi que tudo era muito simples: bastava tirar os créditos finais. Pronto. 

Ainda com sangue nos olhos, fiquei paranoico pensando em possibilidades que até o próprio YouTube poderia permitir que fossem cridas para "atrapalhar" a exibição do vídeo, então fiz questão de colocar um comunicado em texto e voz (para não ter a desculpa de que "não deu pra ouvir" ou "não deu pra ler") informando que o vídeo não tem fins lucrativos, que é apenas para mostrar como é divertido fazer conteúdo utilizando o que a Suno e a Pexels tem para oferecer. Fiz questão de colocar logomarca e site de ambos, para não haver o que se questionar. A divulgação estava feita de maneira mais que adequada.

Resultado

O videoclipe estreou publicamente na faixa de horário planejada, entre 18 a 19 horas. Fiquei satisfeito com a repercussão. As pessoas das fotos gostaram tanto que compartilharam com amigos e parentes.

Sobre a questão dos fins lucrativos, ainda que eu tivesse meus direitos, o canal no YouTube acabou de estrear, então não é monetizado. Teoricamente, nem deveria ter me aborrecido tanto com esse detalhe. Acontece que minha ambição era maior. 

Eu pretendia sim lançar músicas no Spotify e semelhantes. Pretendia sim ganhar uns trocados, pretendia lançar outro canal com músicas em uma mistura de MPB, Jazz e Bossa Nova, que diz muito sobre o que ouço atualmente e possui público diferente do Metal Rock - mas sonhos de ambição para a classe pobre miserável não passam de utopia. 

Qualquer um que peite a assinatura anual poderá ganhar dinheiro com o uso do que criarem lá. E eu, como sempre, fico chupando o dedo em relação às minhas coisas. No filme La Bamba tinha um sujeito craque em desenhar o Pica-Pau. Daí alguém lhe falou que aquilo não enchia barriga. Pois é. Eu sou esse cara que desenhava.

Por fim, parece que essa questão de direitos autorais está sendo tratada em algum lugar no mundo. Espero que definam logo esse ponto, pois é um detalhe importante para quem gosta de criar conteúdo. É preciso uma definição para sabermos o que esperar, para alguém não se dedicar tanto a algo que depois se revele uma ilusão.

Tio Sombrio recebeu seu segundo conto de terror no dia 13. Inicialmente, eu pretendia colocar dia 12, mas mudei de ideia ao perceber que já não me sentia mais um amorzinho e que seria melhor concentrar o foco no vídeo do dia dos namorados, pois ali estava minha maior responsabilidade. Como o relato falava de uma mulher que ansiava se casar após manter o namoro de 5 anos, achei mais que apropriado estreá-lo no dia 13, dia de Santo Antonio, conhecido como santo casamenteiro. Somente ontem (dia 16) os relatos tiveram duas views.

Tio Sombrio e Fun Metal Rock continuarão funcionando. Vou abastecendo aos poucos, sem pressa, já que terei de encarar como sendo na base da amizade. Se não der certo? Não existe o "se". Houve um tempo em que eu vivia apagando coisas que colocava na Internet, pois eu não tinha pretensões, eu me considerava mero entusiasta amador e encarava como uma grande brincadeira. Hoje não é bem assim. Hoje, até esta postagem pode ser útil para alguma coisa no futuro. Notem como escrevi "eu" em algumas coisas, já procurando esclarecer meu envolvimento. Este blog também pode me ser útil. Se não for, ao menos me divirto. 

Na Internet, apesar de velocidades cada vez maiores de uploads e downloads, toda construção demanda tempo, e ficar apagando conteúdo não é nada inteligente, vai justamente na contramão desse intento.

Fiz várias edições para tornar este relato o mais curto possível. Um abraço gostoso para quem me deu atenção e chegou até aqui. Obrigado!

9 comentários:

  1. Eu tenho tentado musicar os "poemas" que publiquei no e-book "O Eu Fragmentado" (terrivelmente pretensioso), mas por não ter como corrigir ou editar o que a Suno criou, acabo tentando cinco vezes para ver se a IA "lê" meu pensamento. Geralmente a sensação é decepcionante. Tenho tentado acertar a melodia para os versos de "Embaraçado no Cordel", mas nunca fica bom. Por isso, não consigo considerar como minha uma música cantada com sotaque latino ou português, coisas assim. É só um passatempo chato como uma folha de sudoku.

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    1. Sim, pensando bem, faz todo sentido atribuir a produção musical à Suno. Afinal, ela dá tudo, até o vocal.
      Mas a letra (prompt) é minha, o ritmo sou que eu quem escolho, o tempo eu também posso escolher, já que eles dão a opção de estender e que essa ferramenta normalmente vem sendo muito utilizada pelas pessoas, porque a música, muitas vezes, cessa de repente, então é preciso estendê-la, e isso quem decide é a gente. Você mesmo diz e constata que para você ela não tem funcionado tanto, então está aí a prova de que o trato humano é, sim, essencial para a criação da música, pois imagine se todo mundo resolve enxergar essa plataforma com a mesma maneira a qual você a vê. Duvido que ela teria essa adesão imensa. Então essa questão não é unilateral a favor dela. Se as pessoas não ficarem satisfeitas, elas não usarão. E aí? Como a plataforma se manterá sem seus usuários?
      Acredito que ela tenha capacidade de fazer muitas músicas sem seres humanos, não é esse o ponto.
      A questão é, ela faz tudo sem o ser humano, não tem público, vai ficar tudo numa gaveta, então de que seria útil?
      O que ocorre não é mais a funcionalidade da I.A, mas o lucro DAQUELES que desenvolveram ela, que são humanos e agora querem lucrar absurdamente em cima de outros seres humanos, pois é isso o que ocorre, na verdade.
      Pra que a I.A vai me barrar de comercializar minhas músicas? Ela é uma máquina. Quem está por trás dela é que quer todos os louros. Nõ estamos falando sobre uma forma de vida nova. Estamos falando de uma máquina criada por seres humanos. Daí a gente usa de graça e não pode nem ganhar uns trocos? Pior. Não pode nem dizer que é o autor. Tem que se rebaixar a algo tipo o quê? Um diretor, sendo até os diretores de vídeos ganham seu dinheiro oriundo dos estúdios.
      Independente de qualquer coisa, eu só espero que definam logo essa questão, pra gente poder usar em paz, seja por mera diversão ou não. Afinal, fizeram isso pra quê? Estão incentivando tanto, mas pra quê? Se for só pra elite, então o cenário comum das nossas vidas não mudará tanto como estão temendo por aí, vez que poucos farão uso real, sem falar que muitos poderão, mas não terão o menor interesse, pois não é todo mundo que se encanta por esse tipo de máquina. Isso é o que essas I.As são na verdade. Tão máquinas quanto aspiradores de pó, lavadeiras, TV...
      Está havendo uma glamourização desnecessária, um lobby irreal em torno delas, apenas porque a programação da máquina agora atingiu setores que antes ninguém imaginava. Mas não passam de máquinas. E dependentes ainda, pois, se não tiver um notebook, não usa. Não preciso ligar minha máquina de lavar no notebook pra eu programá-la pra usar.
      Que venha logo a definição disso, e que as pessoas se familiarizem logo, assim param de romancear uma máquina (dependente de outras máquinas).

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  2. Gente! Vc voltou com a corda todaaa E trocando figurinha com o Jotabê! Incrivel! Bju

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    1. Mas eu sempre gostei do Jotabê. Uai... Ahahah.

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    2. Fico feliz por seu sentimento em relação a mim. Pode acreditar que é recíproco. E você disse tudo na resposta a meu comentário. Perfeito!

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  3. Olá.
    pois é, esse negócio de direito autoral no youtube tá sério. Eu tenho um canal que no início pretendia produzir conteúdo meu mas como sou preguiçoso deixei pra lá. Os blogues a mesma coisa. O primeiro que criei foi lá por por volta de 2006 e hoje ele não existe mais. Deletei-o-o depois de uns 5 anos...pior que o volúvel aqui nem fez uma cópia dos textos...agora voltei ao blogger com "ascronicasdoedu.blogspot.com" porque senti saudade. Pretendo não deletá-lo em breve...
    Mas persiga seus objetivos (nossa, eu dando esse conselho chega a ser hilário...).

    abraço.

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    1. Olhando o que você colocou sobre deletar e voltar, bem-vindo ao clube da volta dos que não foram. É assim mesmo. Tem hora que enche o saco e a gente chuta o balde. Depois dá saudade. Se hoje em dia o blogger tá meio morto em relação à popularidade, isso nos traz o benefício de nos expressar com um pouco mais se liberdade, pois youtube e demais são mais vigiados.
      Ainda nesse assunto, deixo o link da apresentação deste blog onde citei todos os blogues que já tive.
      Fui ontem conhecer seu blog. É o tipo de blog que eu gosto (de conversa, bem natural, informal). Ainda pretendo conhecer mais dele. Você tem um bom público. Parabéns.

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    2. Esqueci de postar o link
      https://umbrasileirogay.blogspot.com/2024/06/ola-todo-mundo.html

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