segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Vá ao shopping e encontre seu filho que deveria estar na escola


Acho que estou ficando velho e chato, com certeza, pois não me entra na cabeça certas novidades como, por exemplo, um bando de crianças uniformizadas, que deveriam estar na escola, andando livres, leves e soltas pelo grande e estimado shopping. 

Se você pensou em uma turminha de adolescentes que resolveram por vontade própria mudar a rota em nome de um pouco de diversão, digo que não é esse o caso.

Pelo que observei, o número de crianças é bem maior - talvez uma classe inteira, ou até duas. As idades variam entre 9, 10, 11, 12, não muito além disso. São verdadeiros pirralhos que deveriam estar em sala de aula, aprendendo (pelo menos) português, matemática, ciências, geografia, mas estão zanzando por todos os cantos deste lugar imenso. 

Vi um rapazinho que saiu de um lugar com algo discrero nas mãos, dizendo que comprou aquela pulseira porque blá-blá-blá... Ele saiu da loja mostrando ela aos outros dois amiguinhos. Não reparei se era ouro ou prata, lata ou plástico. Reparei que a criança fez com a naturalidade de quem vai ao bar do Sô Gusto, comprar um punhado de balas. Várias crianças compraram coisas em várias lojas - desde as americanas da vida, até roupas, maquiagem etc.

Algumas pulavam em cima das poltronas de descanso. Outras ocupavam-nas, não porque estavam cansadas, mas pela adrenalina de ficarem gritando, umas às outras, enquanto experimentavam o conforto dos móveis. 

Daí você pode pensar: 
"Como o Fabiano é chato! São crianças! Crianças são assim mesmo!"

Certo. A questão não eram as compras que algumas fizeram, nem as brincadeirinhas bagunceiras de outras. A questão, na verdade, era uma só:

AONDE ESTAVAM OS RESPONSÁVEIS POR ELAS? 

Percebi que elas se espalharam em trios ou grupos e se esparramaram como bem quiseram ao longo do imenso local. Percebi que os menores eram os que manifestavam mais energia, alegria e impulsividade para fazer o que lhes desse na telha. Os que tinham alguns anos a mais pareciam comportados. Pode ser apenas impressão minha, mas era como se, em algum momento, alguém tivesse delegado que crianças maiores ficassem responsáveis pelas menores. Espero mesmo que eu esteja redondamente enganado. Afinal, sou meio louco, tenho mania de criar situações que não existem. 

Andando um pouco mais, fui guiado pelo barulho intenso (curioso que sou) daquela juventude até um lugar onde pude ver um número bem maior daquelas crianças aglomeradas no piso inferior, como se fossem um extenso cardume eufórico numa pequena lagoa. 

Naquela parte, além de alguns bares e restaurantes, encontram-se os cinemas. 

Pronto! Suponho que aquela multidão pentelha tenha alguma ligação com o cinema, pois sempre foi comum o hábito de uma professora, em combinação com a direção da escola, agendar pequenos passeios aos alunos. A única coisa que acho estranho foi que vi, sim, todo mundo devidamente uniformizado, mas não vi nenhum adulto acompanhando a tantada de crianças esparramadas para todo lado. Se alguma coisa acontecesse a qualquer uma delas, quem responsabilizar-se-ia?

Agora são mais de 18h15 de uma segunda-feira, 9 de setembro. Ainda vi uma e outra criança dessa escola por aí, embora não mais em abundância.  Será que os demais foram ver algum filme? Será que estão saindo do shopping? 

Enfim... Aos mais curiosos, digitem no Google: "Colégio Arquimedes Ribeirão Preto" e tenham suas próprias reflexões.

13 comentários:

  1. Nunca ouvi falar dessa escola. Vou dar uma olhada.
    Em tempo : aprender português, geografia etc? De que tempo você é?

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    1. Parece que crianças entre 10 a 12 anos são novas demais para ciências e geografia. Eu sou de um tempo e que nem lembro mais o que eu aprendia na idade delas, só que me lembro bem que nunca fui a cinemas com a turma da classe. O máximo que aconteceu uma única vez foi visitar o museu do Café.

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  2. Não parece que essa tantada de criança tenha alguém responsável por elas. Imagino que as crianças que residem em Ribeirão Preto sonham em estudar no COLÉGIO ARQUIMEDES DE RIBEIRÃO PRETO, não?! Afinal ir ao shopping é muito melhor que ficar na sala de aula estudando aquelas matérias chatas. As crianças são isso aí, sempre vão para o lado da diversão, afinal elas tem de aproveitar mesmo essa época para brincar. O problema ao meu ver está no responsável por elas, se é que há algum responsável por essas crianças aí. Lembre-se que, o futuro do Brasil está nessas crianças de hoje, inclusive essas daí. Aí eu lhe pergunto, O Brasil tem futuro? Abraço meu caro.

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    1. Para mim, o futuro é uma incógnita. Acho que nossos antepassados já pensavam isso.

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    2. O lugar é imenso e as crianças se espalharam por ele todo. Se havia dois monitores ali, era muito, pois não vi nenhum. Essa foi uma foto da vista de cima, olhando o cardume lá embaixo - uma parte mais concentrada das crianças. E sim, a questão que me preocupou ali foi apenas a falta de responsáveis, pois estudar, seja na escola ou em qualquer outro lugar, quem não nasceu pra isso, não estuda mesmo.

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  3. Eu nunca tive amigos "em cardume" e sou do tempo em que nem shoppings existiam (e se já existissem eu não teria dinheiro para gastar). Por isso, concordei com cada palavra do que disse.

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    1. Eu nunca tive porque preferiam me xingar, estapear, esmurrar rasteira e outras coisas que não me atrevo colocar aqui, pois são mais particulares, mas ocorreu em uma escola dessas. Então eu não sei como é divertido, pois eu fui o instrumento de diversão deles e para mim não foi nada bom.

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  4. "agendar pequenos passeios aos alunos"

    TODA esta semana está sendo de passeios na escola de minha filha. Metem os moleques num ônibus para visitar lugares "importantes" da cidade do tamanho de um furico. Se eu me queixar, serei o "pai chato". Todos os pais acham normal isso.

    Abraços

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    1. Se a escola for particular, os pais deveriam se juntar e cobrar aulas, não passeios. Comecem a querem saber quem são os responsáveis pelos passeios, de onde veio a ideia de cada passeio, qual o propósito, como é o esquema de segurança para as crianças, comecem a querer saber demais, quem sabe assim a direção da escola se toca de que não têm pais bananas.

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  5. Isso aí são crianças sendo crianças, adolescentes sendo adolescentes...gostam de andar em bando. Lembra como era? O que você fazia no no seu bando?
    Também observo o mesmo fenômeno aqui no Rio. Um bando de adolescentes com uniforme escolar fazendo rolê pelo shooping. Até aí, tudo normal. O problema é que muitos aproveitam a ocasião para roubar, principalmente chocolates nas Americanas.
    Já vi crianças sendo detidas por seguranças do shooping, e aí, sim, é lamentável de se vê. Os pais nem imaginam o que os filhos estão fazendo...
    Bem, não consigo saber 100% o que meu filho faz quando está longe de casa (13 anos) mas eu tenho certeza que ele não roubaria chocolate das Americanas.

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    1. "O problema é que muitos aproveitam a ocasião para roubar, "
      Deveriam ser levados a uma delegacia, levar u s oescotaoas lá e passar a noite numa cela. Só sair no dia seguinte, com a chegada de pais ou responsáveis os quais também deveriam ter que aguentar uma repreensão caladinhos. É a falta desse tipo de ação que fez tudo perder o controle no Rio de Janeiro e vários outros lugares.

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    2. "Os pais nem imaginam o que os filhos estão fazendo..."
      Não tenho um pingo de dó. Na hora de virar o zoinho foi bom, não foi? Os filhos, às vezes, são o reflexo da criação que tiveram dos pais. O resto é conversa pra boi dormir.

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  6. "O que você fazia no no seu bando?"
    Ah, eu não tinha um bando porque os heteros me humilhabam e até queriam bater em mim, a troco de nada, porque eu era muito quieto, muito educado e muito desengonçado (obeso de óculos fundo de garrafa), então eu não tive bandos. A minha infância se resumiu a me defender de vários tipos de violências pra depois ler de heteros, hoje, que sou mimizento. É porque não foi no couro deles, mas enfim.

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